Convidamos todas as pessoas interessadas a um encontro sensível com as águas — rios, lagos, chuvas, nascentes, mares, nuvens e seus múltiplos companheiros — a partir da composição com diferentes materiais e expressões, explorando suas grafias, histórias, texturas e potências. Trata-se de uma mesa de trabalho que se abre como convite à escuta e ao gesto, ao toque e à partilha, à experimentação e à criação em companhia das águas e seus modos de existência.
Partimos de perguntas: Onde terminam as águas e começa o resto do mundo? Que mundos são criados com e pelas águas? Como estabelecer uma simbiose ou uma colaboração ativa com os fluxos que nos atravessam e nos compõem? Como criar intimidade com as águas — aquelas que escorrem, se infiltram, evaporam e retornam? Como criar etnografias, biografias e outras escritas com as águas, reconhecendo seus ritmos, suas ausências, suas formas de linguagem? Como elaborar composições que respeitem suas materialidades fluidas, suas resistências à fixação e à captura?
Inspiradas e inspirados por autoras como Donna Haraway, Isabelle Stengers, Marisol de la Cadena e Andrea Ballestero — que nos provocam a pensar com o mundo, a habitar as zonas de contato entre saberes, a escutar os não-humanos e a valorizar formas plurais de existência — propomos um espaço de investigação-criação onde se possa escrever, desenhar, bordar, pintar, esculpir, colar, rasurar, como quem percebe o fazer e o desfazer das águas.
Pretendemos criar um espaço coletivo de experimentação em que as águas possam ser vistas, sentidas e narradas de múltiplas formas — poéticas, sensoriais, políticas, afetivas, ecológicas.
As mesas de trabalho, neste contexto, são compreendidas como dispositivos potentes de pesquisa e criação: geradoras de conversas, de processos, de encontros, de inícios, operam como territórios entre arte, ciência e educação. Esta metodologia tem sido desenvolvida no âmbito do grupo de pesquisa “multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações”, vinculado ao Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor/Unicamp), em articulação com investigações práticas sobre ecologias, pedagogias e linguagens híbridas.
Esta proposta integra as ações da UC1 Comunicação, Arte e Cultura no âmbito do INCT ONSEADAPTA – Observatório Nacional de Segurança Hídrica e Gestão Adaptativa, e se insere em um esforço coletivo de pensar, fazer e comunicar a ciência a partir de outras sensibilidades, narrativas e modos de convivência com os mundos mais-que-humanos.
| Fernando Monteiro Camargo | Labjor – UNICAMP |
- Data: 18/09/2025
- Horário: 8h00 – 9h30
- Local: Mirante do Rio – sala 206 (2o andar)