Esta mesa-redonda propõe debater como a experiência de iniciação científica se transforma quando o trabalho de campo é atravessado por plataformas digitais, algoritmos e formas inéditas de controle e vulnerabilidade. Buscamos interrogar de modo crítico os processos de iniciação científica e as reconfigurações do trabalho de campo na era digital, articulando três eixos complementares: (1) metodologias híbridas de etnografia presencial-digital que enfrentam a ubiquidade de plataformas, big data e inteligência artificial, problematizando infraestruturas algorítmicas, vieses sociotécnicos e implicações epistemológicas para a produção de conhecimento nas humanidades digitais; (2) formação de jovens pesquisadoras(es) em contextos de risco, conflitos e relações de poder, destacando protocolos de segurança, ética situada e cuidado com emoções e corpos vulnerabilizados durante a coleta de dados em ambientes on-line e off-line; (3) desafios de investigar ecossistemas digitais marcados por desinformação e disseminação de discursos de ódio, misoginia e violência de gênero, examinando como marcadores sociais da diferença moldam tanto o campo empírico quanto a escrita etnográfica e exigem estratégias reflexivas de posicionamento crítico diante de comunidades hostis e dinâmicas de moderação algorítmica. O debate buscará: i) mapear práticas pedagógicas para capacitar estudantes em métodos qualitativos digitais e presenciais; ii) discutir ferramentas de coleta, curadoria e análise de dados que conciliem observação participante, rastreamento de traços digitais e análise de redes; iii) refletir sobre a renovação do compromisso político-ético da pesquisa CTS perante desigualdades sociotécnicas, riscos de vigilância e disputas por justiça cognitiva. Esperamos contribuir com o processo de reflexão sobre a prática de etnografias on-line, a compreensão do ciberespaço como espaçotempo e campo de pesquisa, diários de campo audiovisuais, protocolos de segurança ampliada, análises de algoritmos de recomendação, estudos sobre cultura digital, gênero e violência simbólica, bem como práticas colaborativas de devolutiva aos interlocutores, visando construir agendas de pesquisa inclusivas, interseccionais e socialmente comprometidas com futuros digitais mais justos e plurais.
Breno Rodrigo de Oliveira Alencar (Coordenador) | IFPA |
Joelma Fabiane Ferreira Almeida (Expositora) | Colégio Pedro II |
Kirla Korina Anderson Ferreira (Expositora) | IFPA |