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GT10 – Em busca do objeto perdido: negacionismo, anti-intelectualismo e os outros da ciência

Resumo: Dimensão saliente das múltiplas crises que atravessam o tempo presente, desde a mudança climática, a emergência de novas doenças até os abalos nas democracias representativas, as diferentes formas de desconfiança e hostilidade dirigidas a cientistas, especialistas e intelectuais, além de reiterados ataques a universidades e instituições de pesquisa, constituem um desafio a um só tempo acadêmico e político. A partir dos debates travados nos últimos anos, cresce a percepção de que o complexo e heterogêneo conjunto de fenômenos identificados aos “negacionismos” e aos “anti-intelectualismos” deve ser analisado de uma perspectiva histórica e sociológica. Para além das afirmações normativas usuais de que essas atitudes se alimentam da ignorância, da desinformação e da ausência de letramento científico, urge a ampliação dos estudos que considerem como elas se articulam a grupos, valores, interesses, imaginários e disputas envolvendo tanto o lugar social da ciência e a construção de sua autoridade epistêmica quanto a forma a ser assumida pelo ordenamento sociopolítico. Não apenas a ciência oficialmente reconhecida como tal tem sido descredibilizada a partir de diferentes asserções em circulação no espaço público como também formas alternativas de produção do conhecimento, rechaçadas pelas autoridades estabelecidas, têm se insinuado no cenário contemporâneo. O presente Grupo de Trabalho busca fomentar essas discussões. Parte-se do entendimento de que o acúmulo teórico e metodológico dos Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias torna a área particularmente habilitada ao esforço de compreensão dos processos, agenciamentos e elementos contextuais que dão forma aos negacionismos, anti-intelectualismos e discursos paracientíficos e que ajudam a explicar de que maneira, apesar do acesso à informação científica, eles seguem como fenômenos sociais persistentes. O GT acolherá trabalhos que abordem os problemas em tela empiricamente, a partir de expressões de negacionismo e anti-intelectualismo no Brasil e em outros contextos nacionais, bem como estudos interessados em analisar diferentes abordagens teóricas e metodológicas que nos permitam avançar no entendimento desses fenômenos.

Coordenadores: Thiago da Costa Lopes (Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz), José Szwako (UERJ)
Debatedora: Allana Meirelles Vieira (UNESP)

18/09/2025 – Sessão 01

  • Horário: 14:00 – 16:00
  • Local: Mirante do Rio – sala 210 (2o andar)

Ciências e negacionismo climático – Gláucia Catalina Pérez (UFSCAR), Thales Haddad Novaes de Andrade (UFSCAR)

O recorte para este trabalho foi a minha dissertação de mestrado que propôs interpretar a mutação climática a partir dos pensamentos dos cientistas e filósofos Isabelle Stengers e Bruno Latour. A pergunta central para a dissertação foi porque é importante estudar o encontro desses pensadores para discutirmos sobre as ciências, a política e a questão climática. Entretanto, para este trabalho, serão explorados entre as principais obras dos autores a respeito dos temas listados anteriormente para discutir a importância do politizar as ciências e irmos contra a proposta dos negacionistas que é de excluir a questão climática do debate público. Tendo como enfoque a desaceleração das ciências e a reflexividade de Stengers, visto que a filósofa considera esses processos importantes para a compreensão da indissociabilidade entre ciências e política; sendo que é a partir desse entendimento que se inicia o diálogo com Latour. Posteriormente, dissertarei sobre o surgimento do negacionismo e quais setores da sociedade lucram com essa visão, entender como e por que os negacionistas climáticos insistem em manter as ciências apolíticas; considerando ainda que o fazer críticas construtivas às ciências é importante para irmos contra o negacionismo climático. Por fim, será ressaltada a eficácia de comunicar ciências para combater o negacionismo, e os motivos pelos quais devemos aterrar definitivamente no planeta Terra, propondo novas relações com os humanos e não humanos para construirmos um futuro possível à humanidade após o novo regime climático.


Neofascismo, negacionismo e política educacional – Kamila Fernanda Oliveira Anzen (Unicamp)

Este trabalho analisa, a partir de uma revisão bibliográfica, a influência do neofascismo na intensificação do negacionismo científico no Brasil, fenômeno acentuado após o golpe de 2016 e fortalecido pela eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Fundamenta-se a discussão nas teorias de Vladimir Lênin, explorando as bases epistemológicas do conhecimento científico e, por contraste, do negacionismo. Argumenta-se que o negacionismo, ao rejeitar a realidade objetiva, o conhecimento científico e as evidências empíricas, funciona como uma estratégia de governos autoritários para disseminar sua ideologia. A pesquisa identifica o negacionismo como componente da ideologia neofascista, manifestando-se em áreas como saúde (movimento antivacina na pandemia), ciências naturais (terraplanismo, negação do aquecimento global), história (negação da Ditadura Militar e do Holocausto) e gênero (negação da construção social dos papéis de gênero e das diversas orientações sexuais). Essas manifestações são impulsionadas pelos estratos superiores da classe média, que formam a base de massa do movimento neofascista. Além disso, identificamos que a política educacional brasileira, especialmente após a contrarreforma de 2016, alinha-se tanto aos interesses neoliberais quanto neofascistas, marginalizando o conhecimento científico e favorecendo a disseminação de ideologias anticientíficas. O negacionismo, portanto, não é mera ignorância, mas uma força que sabota o desenvolvimento da pesquisa e da educação, essenciais para o avanço e acesso ao saber científico.


Caminhos para análises ético-políticas da informação – Rodrigo Rabello da Silva (UNB)

Diante dos desafios informacionais contemporâneos – que envolvem, entre outros aspectos, a emergência dos chamados “negacionismos” científicos –, sustenta-se que os conceitos de materialidade da informação e regimes de materialidade, articulados a uma proposição cosmopolítica, constituem um caminho para contribuir e suscitar reflexões epistêmicas voltadas a análises ético-políticas da informação. Para fundamentar essa argumentação, mobilizam-se os aportes teóricos de Bernd Frohmann – em especial a noção de regimes de informação, articulada, entre outros fundamentos, à teoria ator-rede – e a abordagem cosmopolítica de Isabelle Stengers. Diferenciam-se os matters of fact, ancorados em ideais de objetividade, dos matters of concern, que exigem responsabilidade ética diante dos interesses implicados. O estudo de ambos os posicionamentos pode se beneficiar do potencial heurístico dos regimes de materialidade – que explicitam as assimetrias presentes nos modos de institucionalidade – e da materialidade da informação – que torna visível o agenciamento e a força dos artefatos na constituição de redes e no direcionamento de ações. Os regimes de materialidade pressupõem situações e posicionamentos que podem abarcar tanto a ciência quanto sua negação. O fenômeno dos “negacionismos” exige atenção aos seus efeitos. Nesse contexto, o estudo da materialidade da informação e da responsabilização cosmopolítica dos agentes – em favor dos implicados de ações situadas em contextos de vulnerabilidade – configura-se como um caminho promissor para análises ético-políticas da informação.


Ciência Participativa e confiança em saúde no contexto latinoamericano: uma revisão sistemática – André Luiz Sica de Campos (Unicamp), Mayara Sebinelli Martins (UNICAMP), Janaina Oliveira Pamplona da Costa (Departamento de Política Científica e Tecnológica), Roberto Rubem da Silva Brandão (UNICAMP), Renan Gonçalves Leonel da Silva (New Jersey Institute of Technology)

No pós-Covid19 e crises cíclicas atreladas às doenças emergentes (como o vírus da Zika), a política em saúde torna-se o palco central das negociações entre conhecimento, democracia e confiança. Dessa forma, procuramos entender de quais formas essas negociações aparecem no campo científico, especialmente no contexto da América Latina. Conduzimos uma revisão sistemática da literatura na qual buscamos compreender como a Ciência Participativa (ou Ciência Cidadã) vem sendo debatida na literatura científica latino americana. Assim, buscamos responder: Quais práticas de Ciência Participativa têm sido empregadas no contexto da América Latina visando à construção de confiança na área da Saúde nos últimos 10 anos? Exploramos as seguintes bases de dados: Web of Science, Scopus, Scielo, LILACS e PubMed. Ao todo, encontramos 1561 artigos, dos quais apenas 76 tratavam diretamente da América Latina. Os resultados iniciais indicam que metodologias participativas são muito empregadas no contexto latinoamericano de três principais formas: (i) como formas de ampliar e fortalecer a educação em saúde para doenças específicas; (ii) como forma de criar e construir espaços de acolhimento para saúde mental; (iii) como meio da ciência atuar politicamente negociando laços de confiança dentro das comunidades (entre lideranças) para a promoção de saúde. Dessa forma, a ciência participativa apresenta, no contexto latinoamericano, desafios para promover a co-produção do conhecimento de forma tradicional, tanto na formação de cientistas cidadãos e/ou fortalecendo ativismo de pacientes.


19/09/2025 – Sessão 02

  • Horário: 13:30 – 15:30
  • Local: Mirante do Rio – sala 210 (2o andar)

Reações intelectuais e produção de conteúdo: um mercado de oposição aos anti-intelectualismos – Bruno Marco Cuer dos Santos (Unifesp)

Este trabalho focaliza estudos de caso de intelectuais engajados no combate aos “negacionismos” e aos “anti-intelectualismos” em plataformas digitais. Busca-se analisar o modo como esse engajamento engendra um mercado de reações no qual grupos intelectuais se mobilizam na defesa das instituições e de suas posições como “intelectuais públicos”. A análise tem como base tanto fontes primárias quanto secundárias, como entrevistas com intelectuais e mediadores culturais envolvidos com estratégias de produção e circulação de conteúdo digital. Além disso, há um acompanhamento sistemático dessa produção em diferentes circuitos de mídia, como plataformas, televisão, jornais, mercado editorial entre outros. Sendo essas estratégias de produção de conteúdo digital o resultado de novas práticas de produção midiática, esse mercado de reações opera como um ativo comercial e simbólico, produzindo formas de diferenciação entre intelectuais e youtubers nesses circuitos. Essas oposições são observadas sobretudo através das trajetórias e do volume de determinados capitais. Ainda em termos de “mercado”, identifica-se que esses espaços midiáticos são cada vez mais profissionalizados e hierarquizados. Com efeito, as conceções implícitas dos intelectuais ao polo mais comercial desse espaço produz seus paradoxos e novos interesses em disputa.


Movimentos antifascistas de torcedores de futebol: combatendo o negacionismo e as políticas autoritárias – Samuel Rodrigues da Costa Melo (UFPA)

Esta pesquisa de cunho teórico, tem como referência a temática do futebol, baseada nas discursões das torcidas antifascistas de times de futebol brasileiro, as quais surgiram partir de 2013 e ganharam destaques no combate ao negacionismo, o antivacina e ao autoritarismo no período do bolsonarismo, principalmente na época do covid-19. Essas torcidas possuem características e peculiaridades diferenciadas no modo de atuar contra as políticas autoritárias, como por exemplo o meio tecnológico é um grande aliado para encontros e organizações entre as coletivos antifascistas e também o meio das redes sociais seguem como aliado para combater informações em combate as fakenews. No decorrer da pesquisa serão analisados alguns autores que debruçam seus estudos sobre os coletivos de futebol e também autores que não estão ligados diretamente ao futebol, mas que dão embasamento para a discursão desta pesquisa, tais como autores que analisam os chamados movimentos sociais, haja vista, que estes coletivos se assemelham a movimentos sociais, porém com organização e características diferentes.


Crenças sobre a COVID-19 e o uso da ivermectina como medida preventiva – Natalie Perez Baginski (Caxias D’Or), Thiago Botelho Azeredo (Servidor), Angela Fernandes Esher Moritz (Fiocruz), Flávia Batista Portugal (UFES)

A pandemia da COVID-19 representou um grande desafio para a comunidade científica, impulsionando a busca por tratamentos. Observou-se um uso indiscriminado de medicamentos sem evidência científica de eficácia contra a COVID-19, como a ivermectina, o que gerou preocupações quanto ao impacto sobre a saúde pública. Este estudo utiliza o Modelo de Crenças em Saúde proposto por Rosenthal, que foi desenvolvido para o explicar o comportamento preventivo em saúde. Objetivou-se analisar as crenças em saúde e outros fatores associados ao uso da ivermectina para prevenção da COVID-19. A coleta de dados ocorreu por meio de um websurvey divulgado entre os dias 23 de outubro e 1 de novembro de 2022, resultando em 404 participantes. As informações obtidas foram analisadas estatisticamente com o auxílio do software SPSS, versão 22. Os resultados mostraram que a maioria dos participantes (68,81%) não utilizou medicamentos para prevenir a COVID-19. Dentre aqueles que recorreram a algum fármaco, a ivermectina foi o mais utilizado, sendo influenciados principalmente pela família. A maioria se percebia pouco suscetível à exposição a grupos e locais de risco. Medidas como o isolamento domiciliar, o uso de máscaras e a higienização das mãos foram reconhecidas como eficazes na prevenção da COVID-19. A compreensão do uso da ivermectina como forma de prevenção da COVID-19 foi influenciada pelas crenças em saúde dos participantes, bem como por suas características socioeconômicas e condições de saúde.
Palavras-chaves: COVID-19; Modelo de Crenças em Saúde; Ivermectina; Prevenção de Doenças.


Facetas do autoritarismo digital contemporâneo: O caso da Manosfera brasileira – Ariella Cristine Queiroz Moreira (UFPA)

O advento da internet na era da globalização possibilitou a ascensão de uma sociedade digitalizada. Nesse viés, reflexões contemporâneas que debatem esse fenômeno apontam a relação intrínseca entre o crescimento da extrema direita no Ocidente e a radicalização do discurso de ódio no ciberespaço. Diante um cenário de enfraquecimento democrático e avanço de tendências autoritárias, a capacidade viral das redes sociais e a plataformização da comunicação foram fatores que proporcionaram a articulação e consolidação de movimentos antes isolados: nacionalistas, racistas, machistas e fundamentalistas. Por sua vez, esse processo fez com que o conservadorismo neoliberal desse lugar a um novo populismo de extrema direita. Nesse sentido, com base no papel do masculinismo como elemento de garantia de privilégios concebida a grupos dominantes, esta pesquisa tem como objetivo acompanhar e interpretar de que modo a Manosfera, enquanto agente agregador de múltiplas masculinidades, mobiliza a relação entre aspectos da ideologia masculinista e tendências autoritárias. A partir de estudos sobre a consolidação da ideologia masculinista e reflexões sobre a ascensão neoliberal no Ocidente, conclui-se que a Manosfera é um fenômeno de nicho com contornos antidemocráticos e hostis. Logo, este é um movimento radical que emerge do ressentimento gerado pelo masculinismo branco destronado e pelos fracassos das políticas neoliberais, ganhando voz e espaço em movimentos de extrema direita que buscam restaurar interesses dominantes de classe, gênero e raça mediante narrativas misóginas e autoritárias.


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