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GT05 – Arte, Tecnologia e Sociedade

Resumo: A arte produz saberes históricos pertencentes às diversas práticas sociais e culturais, contribuindo para pensar e interferir nas complexas relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade. De modo plural, as propostas artísticas contemporâneas, ao longo de sua trajetória, vêm interpelando, experimentando, e assim expandindo as possibilidades da ciência e da tecnologia, a partir dos contextos estéticos, éticos, sociais e políticos, construindo outras materialidades, sentimentos e subjetividades que afetam e se deixam afetar pelas transformações da sociedade. Ao questionar a ciência e a tecnologia, as linguagens artísticas problematizam os determinismos tecnológicos, os autoritarismos, as assimetrias de poder, as desigualdades, dando visibilidade à agência dos sujeitos, às experiências vividas pelas pessoas no cotidiano, questionando padrões e a manutenção de modelos hegemônicos, valorizando a expressão das subjetividades individuais e coletivas, funcionando como espaços/práticas de resistência. Discutir os processos de produção, divulgação, exposição, circulação, crítica e apropriação da arte de nosso tempo presente implica, também, refletir e compreender as intrincadas relações sociais de gênero, classe e raça que se realizam no processo de mediação tecnológica.
O objetivo deste Grupo de Trabalho é discutir as relações entre ciência, tecnologia e arte, considerando as múltiplas linguagens artísticas, as narrativas e os processos criativos que questionam o sistema capitalista e neoliberal, problematizam as ações do antropoceno e denunciam as questões do racismo ambiental e das emergências climáticas.

Coordenadoras: Marilda Lopes Pinheiro Queluz (UTFPR), Venise Paschoal de Melo (UFMS)
Debatedora: Luciana Martha Silveira (UTFPR)

17/09/2025 – Sessão 01

Sessão 01 – GT 05: Arte, Tecnologia e Sociedade

  • Horário: 14:00 – 16:00
  • Local: Mirante do Rio – sala 205 (2o andar)

Makarenko: arte e cultura na pedagogia histórico-cultural – Estevão Antonio de Sousa (UTFPR), Pedro Moreira da Silva Neto (UTFR), Maria Sara de Lima Dias (UTFPR)

A pedagogia de Makarenko focada no trabalho coletivo de meninos em situação de vulnerabilidade busca construir a singularidade, formando um sujeito com consciência social e sensibilizado através da arte e cultura. Discutimos a expressão criadora, portanto, crítica no processo de ensino e aprendizagem como caminho histórico e cultural como projeção para o futuro da educação. Considerando a educação integral do sujeito, o foco da prática educativa a promover o desenvolvimento das potencialidades, neste sentido a arte pode ser o instrumento que facilita a autonomia criativa. Realizamos um paralelo de Makarenko com Vygotsky no sentido da relevância da expressão criativa do sujeito em seu processo de desenvolvimento. Consideramos que é possível a formação humana através da cultura e da arte atuando com o sensível na vivência teórico-prática, e isto remete a uma formação do professor, sensível ao papel da produção da arte em diferentes espaços ou ambientes educativos. Ao embasar a pedagogia de Makarenko que é interdisciplinar e atuante na arte; para além dos recursos e aparatos tecnológicos atuais, consideramos que é possível a formação humana através da cultura e arte atuando com o sensível a partir da vivência teórico-prática, o que demanda formação do professor, e a correspondência social, criativa, e o direito de usufruir dos espaços artístico culturais.
Palavras-Chave: Makarenko; educação, arte e cultura, vivência, sensibilização, sujeito singular.


Mulheres que ensinaram a criar: A docência em Arte como Técnica de si – Ana Flávia de Jesus Aguiar (UTFPR), Luciana Martha Silveira (UTFPR)

Este trabalho apresenta considerações sobre a docência em Arte na perspectiva da professora artista, evidenciando os desafios enfrentados por mulheres na formação, ensino e vida profissional. O objetivo é elencar os principais desafios de professoras artistas na perspectiva das relações de gênero e tecnologia, para a produção artística no contexto de seu dia-a-dia. Para isso, realiza-se uma revisão bibliográfica, com base em artigos, obras de arte e teorias feministas que abordam a interseção entre arte, tecnologia e gênero. A metodologia, de caráter qualitativo, utiliza registros biográficos e relatos de professoras artistas para compreender trajetórias e práticas. Focadas em duas questões principais: 1) Como as identidades e experiências de gênero das professoras artistas influenciam suas práticas pedagógicas e estéticas no ambiente profissional da educação; 2) De que forma a tecnologia emerge como ferramenta ou desafio na produção e difusão artística dessas professoras, impactando sua autonomia e reconhecimento profissional. À guisa de conclusões, vê-se como possibilidades, considerar a professora artista como agente de resistência e criação, trazendo a investigação do como suas práticas pedagógicas e artísticas constroem essa resistência. A partir de seus relatos autobiográficos, evidenciam-se estratégias de enfrentamento e ressignificação de espaços pedagógicos e culturais, transformando a docência em um campo ativo de agência e reinvenção no ensino de arte.
Palavras–chave: arte e educação; gênero; professora artista; resistência; tecnologia


Elas projetam: mulheres, arte, natureza e CTS – Fernanda Regina Rios Assis (UTFPR), Marilda Lopes Pinheiro Queluz (UTFPR)

Considerando o uso da projeção de imagens em ações que interseccionam a arte, a tecnologia e a natureza, a presente pesquisa parte de um horizonte cultural onde os códigos técnicos são apropriados e ressignificados em práticas sociais e culturais. O estudo toma como corpus os trabalhos realizados por Roberta Carvalho e Daiara Tukano, tendo como recorte aqueles nos quais cidades e comunidades são transformadas em galerias ao ar livre. Serão analisadas algumas obras, demonstrando quais são suas orientações temáticas, as estratégias de produção e de representação imagética empregadas, bem como os contextos nos quais foram idealizadas, desenvolvidas e expostas. Objetiva-se demonstrar como essas imagens-mensagens, representações visuais carregadas de significados, exibem temáticas que denunciam, problematizam, compartilham e despertam para pautas ligadas aos saberes ancestrais, emergências climáticas e racismo ambiental, em um exercício e prática de resistência. Desse modo, adotando como referencial os Estudos Culturais, o Tecnofeminismo e a Teoria Crítica da Tecnologia, questiona-se de que maneira as ações realizadas por artistas podem atuar em estratégias de exposição, uma vez que as ações efêmeras podem circular no ambiente digital, estendendo as ideias de resistência a novas formas de recepção. O estudo indica algumas potencialidades poéticas no uso das tecnologias para o fazer artístico contemporâneo voltado às mudanças políticas, sociais e ambientais. Reverberamos o fazer de artistas mulheres que projetam futuros possíveis diante do tempo presente.


A participação de artistas mulheres na criação dos cartazes da Bienal de Arte de São Paulo (1951- 2023) – Alana Milcheski (UTFPR), Luciana Martha Silveira (UTFPR)

Este trabalho apresenta a organização inicial de uma pesquisa de doutorado, desenvolvida no Programa de Ciência, Tecnologia e Sociedade da UTFPR, em Curitiba, e que investiga a participação das artistas mulheres na criação dos cartazes da Bienal de Arte de São Paulo no período de 1951 a 2023. A pesquisa busca analisar a participação das artistas mulheres na produção visual da Bienal, considerando a significativa lacuna nas narrativas historiográficas no que concerne à essa abordagem. Partindo da compreensão de que exposições de arte, como a Bienal, atuam como dispositivos que validam o que é considerado arte, a pesquisa analisa como concepções de gênero historicamente dificultaram o acesso e a visibilidade das mulheres no mundo das artes, influenciando também a produção historiográfica. As fontes primárias para análise consistem nos cartazes das edições da Bienal de São Paulo, com o objetivo de compreender as identidades visuais desenvolvidas pelas artistas mulheres no período escolhido. O referencial teórico da pesquisa articula estudos de gênero de Paul Preciado, que aborda o gênero como uma tecnologia de controle de corpos, com as análises foucaultianas sobre redes de poder e resistências, importantes para contextualizar a Bienal como um evento inserido em um circuito mais amplo. A pesquisa está em fase inicial, com o levantamento de dados e a análise preliminar das artistas participantes. A apresentação visa aprofundar as discussões sobre a participação de mulheres na História da Arte brasileira, a partir da perspectiva da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS).


A Mística do MST como Tecnologia Social para (Re)sensibilização dos Corpos – Tays Ohana Cavalli (UTFPR)

A prática da Mística, no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, atua como uma tecnologia social e prática político-pedagógica. Seu potencial emancipador está em sua capacidade de mobilizar o sentir, fortalecer os laços coletivos e impulsionar a construção de subjetividades insurgentes. Ao resgatar memórias e posicionar os sujeitos diante das contradições da realidade concreta, a Mística se revela uma ferramenta de ressensibilização e transformação das estruturas, evidenciando novas e outras formas contra hegemônicas de sentir, existir e lutar. A Mística é um elemento central na construção das práticas e da identidade do MST, sendo comumente descrita como a “alma do Movimento”. Enquanto ferramenta, a Mística é a prática que antecede todas as atividades coletivas do Movimento, com o objetivo de preparar os participantes para a temática que será abordada e sintonizar os sentidos em busca da unidade (MST, 2015) O objetivo é entender a prática da Mística enquanto uma tecnologia social e como esta articula o sentir com a militância, construindo sentido a partir das vivências dos sujeitos. A Mística se constitui como uma prática que é desenvolvida no lugar onde é aplicada, pelos atores que irão utilizá-la, permeando temáticas que são de interesse do coletivo que irá vivenciá-la, e essa pocisionalidade é o que cria a identificação, cria unidade e se aproxima do parâmetro definido pelo Instituto de Tecnologia Social – ITS (2004), que é o de atender as demandas sociais concretas vividas e identificadas pela população.


18/09/2025 – Sessão 02

  • Horário: 14:00 – 16:00
  • Local: Mirante do Rio – sala 205 (2o andar)

Narrativas Biocartográficas: Alair Gomes e a fotografia como tecnologia de gênero – Rodrigo dos Santos Silva (UTFPR), Rodrigo dos Santos Silva (UTFPR), Lindsay Jemima Cresto (UTFPR)

Este artigo, parte de uma pesquisa de mestrado na área de Tecnologia e Sociedade, propõe uma reflexão sobre a trajetória e a obra de Alair Gomes, pioneiro da fotografia homoerótica no Brasil. Este trabalho investiga a fotografia como tecnologia e sua relevância social na crítica aos discursos sobre gênero e masculinidades. A partir do ensaio Diseño, domesticidad y género, diálogo entre o filósofo Camilo Retana e a pesquisadora Marinês Ribeiro dos Santos, discute-se como os imbricamentos entre design, vivências e subjetividades de gênero ajudam a compreender como os espaços vividos moldam individualidades e influenciam a produção artística de Gomes. Sua prática fotográfica, que se dava da casa para a rua, configurava um tipo de “voyeurismo” e evidenciava um viés íntimo e repertórios domésticos masculinos. Em um mundo atravessado por normas sociais rígidas, suas imagens desafiaram convenções e propuseram novos entendimentos sobre o masculino e a sexualidade. A análise parte de um recorte teórico, incluindo pesquisa genealógica da obra, revisão de literatura e contextualização com a cultura material recente vista pela perspectiva latino-americana dos estudos culturais com Néstor García Canclini e da base inglesa com Stuart Hall. A opção por considerar o contexto sociocultural e as relações entre corpo, artefatos, espaços e performance cotidiana é central, cujas interações produzem novos significados. O recorte proposto busca compreender como a obra e o corpo de Gomes se ocuparam no mundo, dentro de suas práticas e domesticidades, produzindo novos significados e subjetividades.


Xingu: Contatos. Revisões e críticas de um acervo institucional – Ronaldo de Oliveira Corrêa (UFPR)

“Xingu: contatos” foi uma exposição encenada no Instituto Moreira Salles (IMS) em São Paulo, entre novembro de 2022 e abril de 2023. Teve curadoria do cineasta indígena Takumã Kuikuro e Guilherme Freitas, professor de jornalismo da ESPM-RIO. A mostra foi composta por material audiovisual, fotografias e documentários, registros e periódicos sobre as comunidades indígenas que habitam aquele território, salvaguardado no arquivo do IMS. Marcelo Araujo, diretor geral, e João Fernandes, diretor artístico, do IMS apresentam a exposição como um processo de reparação junto às populações do Xingu, cujas imagens estão no acervo da instituição, e para além disso, um trabalho de revisão crítica e decolonial do próprio arquivo. A especificidade dessa proposição e que chama a atenção são as operações realizadas, entre outras, a modificação ou complementação de textos de legendas, seminários e o compartilhamento do projeto curatorial e expográfico com os coletivos indígenas. A reflexão que apresento encontra embasamento em Vergès (2023) e Azulay (2024), por um lado, a possibilidade dos processos de decolonização dos museus explicitarem as disputas sobre a representação e a identidade cultural, por outro, os procedimentos de (re)visão das imagens possibilitarem outras histórias, às vezes, recalcadas. Por fim, pretende-se efetuar a reflexão sobre a exposição a partir do acionamento teórico citado, para com isso propor uma crítica sensível sobre as formas que coletivos indígenas são representados em museus e centros culturais não indígenas.


Arte Urbana em Curitiba a partir da perspectiva do campo CTS – Luiz Henrique Dohopiati da Silva (UTFPR), Kando Fukushima (UTFPR)

O presente artigo tem como objetivo apresentar e discutir obras de arte urbana da cidade de Curitiba, particularmente o grafite, pela perspectiva do campo de CTS. Com este intuito, serão destacados aspectos artísticos, políticos e tecnológicos desse tipo de produção artística, utilizando exemplos presentes no evento Artshow, realizado em Curitiba no ano de 1978, com o intuito de refletir sobre a presença dessas questões na produção de arte urbana no contexto nacional. Como uma aproximação teórica inicial do tema, foi realizado um estudo tendo como base o texto “Artefatos têm política?”, de Langdon Winner, e o argumento de que os artefatos estão imbuídos de política desde o momento de sua concepção até a forma como são inseridos na sociedade e suas consequências, contrapondo a percepção de neutralidade atribuída aos objetos tecnológicos. Para compreender a relação de tecnologia e arte urbana a partir do argumento de Winner, serão apresentados aspectos históricos considerados seminais do grafite segundo Armando Silva, em meados da década de 1970, mesmo período em que ocorriam outros tipos de manifestações políticas e sociais que mudaram a percepção pública da tecnologia. Neste contexto, o grafite surge como um movimento de contracultura, imbuído de motivações sociais e políticas, que permite realizar aproximações com a obra de Winner e suas observações sobre outros tipos de artefatos tecnológicos.


Graffiti e Pixação das margens: fragmentações das experiências na metrópole – Bruna Karine Barbieri (UTFPR), Kando Fukushima (UTFPR)

Este estudo tem como objetivo apresentar os dois movimentos culturais conhecidos como Graffiti e Pixação, traçando um breve histórico das modalidades de escrita de rua e identificando suas diferenças na formação de imagens postas no espaço público. Considerando essas duas manifestações como artefatos gráficos que produzem política nas superfícies disponíveis na cidade, será proposta uma análise de 3 utensílios técnicos exigidos para a ação de escrever na rua, onde suas características foram essenciais para a evolução estética, com base no conceito de horizonte cultural de Andrew Feenberg, e uma discussão teórica baseada na definição de hibridismo cultural, de Néstor Garcia Canclini. O intuito é contribuir na reflexão acerca das fragmentações entre a proibição e a domesticação desses formatos de expressão visual, reforçando as segregações promovidas a partir de apropriações advindas dos sistemas hegemônicos. Com isso, investigamos alguns aspectos de como as subjetividades dos sujeitos pixadores são produzidas nas margens das cidades, ao passo que se convertem em espaços de criação de resistência, com ênfase no reconhecimento desse tipo de artefato como meio de experienciarmos o cotidiano na metrópole.


Ironia e crítica social nos contos sobre mudanças climáticas do anarquista individualista Han Ryner – Gilson Leandro Queluz (UTFPR)

O objetivo desta comunicação é analisar as representações das relações entre ciência e mudanças climáticas presentes nos contos do escritor anarquista individualista francês, Han Ryner; “Lumiére-de-douleur” de 1896 e “Biographie de Victor Venturon” de 1909. O pensamento anarquista foi marcado nas suas origens, na segunda metade do século XIX, por preocupações ecológicas nascidas da crítica radical ao capitalismo, como expressas por Kropotkin e Éliseé Reclus. Han Ryner nos seus romances e contos aprofundou esta tradição anarquista. Os dois contos aqui analisados têm como ponto de partida as mudanças climáticas, mais especificamente, o resfriamento da Terra e os desastres ambientais daí derivados. Os contos apresentam diferentes caminhos para problematizar este fenômeno. No conto “ Lumiére-de- douleur”, o personagem principal consegue ascender fantasticamente para outros planetas, até chegar ao sol que apresenta uma nova e irônica natureza. Na “Biographie de Victor Venturon”, a solução para enfrentar o resfriamento do planeta no ano 14500 da Era Social, tratada com ironia, é oriunda do conhecimento técnico-científico. Procuraremos compreender estes contos no seu contexto histórico, a partir das propostas metodológicas e políticas do materialismo cultural de Raymond Williams. Entendemos a literatura como prática social, e, especificamente no caso da literatura libertária de Han Ryner como uma prática social do campo socialista, que pode nos auxiliar, na contemporaneidade, a trilhar novos caminhos na luta por uma ecologia social baseada na igualdade e justiça social.


“O Preguinho e a Dona Preguiça não falam você”: Uma análise da narrativas criadas pelo programa de TV Catalendas na formação das identidades amazônicas – Letícia Silva Araújo (UFPA), Beatriz Lacerda Costa Grajaú (UFPA)

Com o objetivo de tratar a cultura amazônica de forma lúdica, o programa Catalendas, produzido pela TV Cultura entre 1999 a 2013 com 11 temporadas, utilizou o teatro de bonecos como fortalecimento da identidade Amazônida. Esta pesquisa visa analisar o programa e sua influência no consumo de mídia por pessoas que eram crianças à época de sua exibição, observando como a mídia impactou na cultura, imaginação infantil e no desenvolvimento do sentimento de territorialidade e pertencimento do indivíduo. Realizamos levantamento bibliográfico das produções sobre o programa Catalendas e sua relevância na Televisão brasileira, além de revisão bibliográfica sobre consumo de mídia, comunicação e cultura, construção de teatro de bonecos e seu “brincar” pedagógico. Utilizamos entrevistas semiestruturadas como ferramenta metodológica com pessoas que assistiam ou não o programa e outras que fizeram parte de sua produção . Como resultado, foi possível perceber o diálogo entre as memórias individuais e o objetivo pedagógico do programa, sendo possível identificar como o programa afetou ou não cada indivíduo, destacando relações de classe social, raça e geração, indicando que não há homogeneidade na recepção do programa entre os sujeitos entrevistados. Ao destacarmos o “não-alcance”, abrimos debate sobre como uma produção regional não foi consumida por indivíduos contemporâneos a ela, gerando uma lacuna de representação simbólica da identidade amazônica dentro da mídia paraense.


19/09/2025 – Sessão 03

  • Horário: 13:30 – 15:30
  • Local: Mirante do Rio – sala 205 (2o andar)

Análise CTS do EMI em Produção Cultural: integrações entre Arte, Cultura e Tecnologia na Formação Integral – Alexandre Chiarelli (IFPR)

O presente trabalho tem o objetivo de analisar a criação do curso de Ensino Médio Integrado (EMI) em Produção Cultural no Instituto Federal do Paraná – campus Paranaguá, utilizando a perspectiva CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), considerando a interação entre Arte, Cultura e Tecnologia na formação de sujeitos críticos e criativos. O processo metodológico está estruturado através de uma pesquisa qualitativa, com o objetivo da pesquisa exploratório, e o procedimento técnico fundamentado em uma pesquisa documental, sendo a analise debruçada em projetos de pesquisa/extensão de arte e cultura existentes antes do surgimento do curso, e na proposta pedagógica curricular (PPC) do curso, publicado em 2023. Essa abordagem visa a tentativa de compreender o curso não apenas como formação técnica, mas como espaço de produção de sentidos sociais, culturais e estéticos. O embasamento teórico da pesquisa se articula em dois campos, a educação, e tecnologia, sendo que no primeiro segmento parte-se das concepções de educação de Saviani e Frigotto, e no segundo campo de pesquisa, o conceito de tecnologia é fundamentado pelas considerações de Feenberg. Assim, a presença da arte e da cultura no currículo do curso revela um campo fértil para repensar os usos da tecnologia de forma crítica e emancipadora, rompendo com dicotomias tradicionais entre saberes manuais e intelectuais. A análise do curso sob essa ótica evidencia seu potencial como experiência educativa inovadora, comprometida com a transformação social.


Encruzilhada Ecológica: reflorestar imaginários hoje, cultivar possíveis amanhãs – Vanessa Pereira de Almeida (UFBA)

A partir das cosmo-percepções, apresento este trabalho como um feitiço poético-político que emerge do entrecruzamento entre arte, ciência e tecnologia propondo uma reflexão sobre como a imaginação atua como força criadora no cultivo de futuros possíveis de viver, tensionando a forma como a subjetividade neoliberal, frequentemente captura a imaginação pela lógica do mercado, fazendo com que as únicas saídas do colapso sejam mais consumo, mais progresso, mais tecnologia. O objetivo é investigar, através de caminhos contra coloniais do saber, de que maneira o Artvismo, pode operar como linguagem crítica e educativa diante das urgências climáticas. Utilizo como metodologia a pesquisa transdisciplinar, escuta de memórias, observação de ciclos naturais, e práticas colaborativas em espaços de criação coletiva. Os resultados parciais indicam que esse caminho, quando alinhados às cosmologias não ocidentais, saberes comunitários e articulado à tecnologias ancestrais, ampliam as formas de engajamento público, bem como à crítica aos modelos hegemônicos de produção e difusão do conhecimento. Consideramos que a criatividade se transforma em ferramenta tecnológica, que além de ancestral, rompe com a ideia de soluções desenvolvimentistas ao abrir brechas trazendo novas narrativas, perspectivas e formas de ser e estar no mundo. Ao evocar a Encruzilhada Ecológica, concluo que esses processos criativos constituem espaços de reinvenção de mundos, capazes de semear práticas educativas que legitimam outras formas de saber e existir em relação com o planeta.


A relevância da ODS para Igualdade étnico-racial e a inclusão das datas celebrativas étnico-raciais no calendário das ações culturais de Curitiba como tecnologia de acesso das pessoas racializadas – Ana Carolina Mendes Cerqueira Nobrega (UTFPR), Marinês Ribeiro dos Santos (UTFPR)

O objetivo deste resumo é evidenciar a importância das políticas públicas afirmativas e de democratização de acesso para a igualdade étnico-racial nos editais da cultura, incluindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, parte da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas – ONU para o Desenvolvimento Sustentável. Ao reunir perspectivas teóricas de autoras como Cida Bento, Sueli Carneiro e Françoise Vergès, evidenciamos a persistência do racismo estrutural e o pacto narcísico da branquitude que assegura a reprodução de privilégios simbólicos e materiais da população branca nos espaços culturais. Para o estudo analisamos o edital destinado ao fomento das Artes Visuais do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à cultura do Paraná – PROFICE 006/2022, que pede aos proponentes a adequação de suas propostas com o objetivo de democratizar o acesso oferecendo contrapartida social alinhada aos ODS. Atualmente são contabilizados os 17 objetivos oficiais entre eles destacamos os ODS: 4 para Educação de qualidade; 5 para Igualdade de Gênero e o ODS 10 para Redução de desigualdades. Embora sejam importantes eles não contemplam de forma objetiva o ODS 18 de igualdade étnico-racial, ainda não implementado, que visa eliminar as desigualdades estruturais racializadas, ou seja, o racismo de forma mais explícita contra afrodescendentes, povos indígenas e outros grupos afetados por ações discriminatórias. Percebemos que a agenda étnico-racial no calendário cultural de Curitiba funciona como uma tecnologia de acesso para as pessoas racializadas acessarem os espaços culturais.


Materializações da Devastação Ambiental: Cartografia Neomaterialista e Estética Investigativa em Broken Spectre – Caio Dayrell Santos (UFMG)

Na instalação Broken Spectre (2022), Richard Mosse reutiliza tecnologias científicas de imageamento — como câmeras multiespectrais e luzes ultravioletas — para produzir uma visualidade crítica da devastação amazônica. Ferramentas originalmente empregadas no monitoramento ambiental são apropriadas artisticamente como dispositivos de uma estética investigativa (Fuller & Weizman, 2021), em que as imagens não apenas ilustram o real, mas o interrogam, expondo infraestruturas de extração, crimes ambientais cometidos por grileiros e atos políticos protagonizados por povos indígenas.
As paisagens captadas com cromatismos artificiais — como a vegetação fluorescente nas macrofotografias noturnas com luz UV ou os mapas multiespectrais que invertem o código da visão natural — provocam estranhamento, mas também ampliam a percepção ao tornar visíveis aspectos da realidade que escapam ao olho nu. A sensibilidade aqui mobilizada não se limita aos sentidos ou à linguagem humana, mas envolve também as capacidades e limites dos próprios dispositivos técnicos. Essas imagens não são simples representações, mas materializações (Barad, 2007): condensam relações entre corpos, paisagens, saberes e tecnologias, participando ativamente da produção do mundo que tornam visível. Este artigo propõe compreender Broken Spectre como um exercício de cartografia neomaterialista de dispositivos (Dayrell Santos, 2025), no qual arte, ciência e política se entrelaçam para expor as formas de sofrimento ecológico do Antropoceno, convocando novos modos de percepção, responsabilização e imaginação mais-que-humanas.


Criação, autoria e subjetividade na era da inteligência artificial generativa – Adriele Rosana Marchesini (USP)

Este trabalho investiga os impactos da inteligência artificial generativa sobre a produção artística, os conceitos de autoria e as novas formas de trabalho cultural. A pesquisa parte do estudo de fenômenos contemporâneos, como o caso da personagem Marisa Maiô, criação audiovisual hiper-realista que viralizou nas redes sociais brasileiras, produzida com ferramentas de IA por um criador independente. A obra, marcada por irreverência, humor ácido e crítica social, revela como as tecnologias emergentes transformam as formas de expressão e circulação da arte. O objetivo foi compreender como a IA pode expandir as possibilidades criativas, mas também tensionar fronteiras éticas, legais e subjetivas ligadas à autoria, à propriedade intelectual e à remuneração. A metodologia adotada foi qualitativa, baseada na análise de casos, revisão bibliográfica e observação de tendências tecnológicas e culturais. Os resultados evidenciam que, ao mesmo tempo em que a IA potencializa a criação artística e democratiza o acesso à produção de conteúdo, ela também intensifica desigualdades e desregulações no campo do trabalho, da proteção autoral e do reconhecimento dos sujeitos criadores. A obra deixa de ser um fim em si e passa a expressar relações complexas entre linguagem, técnica e contexto social. Conclui-se que as práticas artísticas mediadas por IA reconfiguram o lugar da arte na sociedade, desafiando paradigmas tradicionais e ampliando o debate sobre autoria, resistência e subjetividade em tempos de automação e neoliberalismo cognitivo.

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