A mesa-redonda propõe debater as materialidades, tecnologias, intercâmbios culturais e arquiteturas e saberes produzidos, a partir da mandioca, em um encontro entre comunidades quilombolas do Vale do Jequitinhonha, como o Córrego do Narciso, e de aglomerados urbanos de Belo Horizonte/MG, como a Cabana do Pai Tomás. Pretende-se a compreensão dos processos de produção, envolvimento e fabricação da mandioca pelas mulheres quilombolas e sobre como essa produção deixa pistas sobre a presença das mulheres nos quilombos. Entende-se tal passado confluindo com a cultura alimentar das mulheres indígenas que se solidificam como um traço importante nos quilombos e aglomerados urbanos. Esse manejar é concebido como intrínseco à corporalidade, em um movimento espiral que versa sobre fabricação do alimento, territorialidade, experimentação, criação de vínculos, preservação e transformação da memória e da tradição. Tudo isso em um movimento de preservação e respeito com a terra, sinalizando formas de lidar com o ambiente sem o destruir. Saberes alimentares são memórias e formas de atualizar as diversas sociabilidades envolvidas a partir e com o alimento. A mandioca, eixo central da provocação que pretendemos incitar, está além da culinária. Ela é também resistência e resiliência, tanto o alimento cru ou cozido. Propomos, dessa forma, uma mesa-redonda que parta da troca de saberes de dois territórios e coletivos de mulheres que se entrecruzam. Tomaremos a mandioca como um artefato sociotécnico e cultural que de alguma maneira organiza o tempo no quilombo: o tempo de plantar, colher, descascar, ralar, torrar e vender. Todo esse processo é feito pelo coletivo de mulheres em seus quintais, com divisão do trabalho, muita prosa e cantoria entre elas. Nesse sentido, é nosso intento registrar as vozes, a mobilização dos corpos femininos, as técnicas e atentar para a cultura material que envolve esse processo, os fornos, foices, moedores, raladores, tachos etc. Ao mesmo tempo que nos aglomerados urbanos. Queremos problematizar as permanências, similitudes, diferenças, transformações da produção da mandioca nos quilombos e aglomerados e como essa produção sinaliza para a construção de futuro.
Bráulio Silva Chaves (Coordenador) | Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) |
Maria Aparecida Nunes Silva (Expositora) | – |
Lúcia Helena Apolinária (Expositora) | PUC |
Flora Rodrigues Gonçalves (Expositora) | Fiocruz |
Polyana Aparecida Valente (Debatedora) | UEMG |