Resumo:
Dimensão saliente das múltiplas crises que atravessam o tempo presente, desde a mudança climática, a emergência de novas doenças até os abalos nas democracias representativas, as diferentes formas de desconfiança e hostilidade dirigidas a cientistas, especialistas e intelectuais, além de reiterados ataques a universidades e instituições de pesquisa, constituem um desafio a um só tempo acadêmico e político. A partir dos debates travados nos últimos anos, cresce a percepção de que o complexo e heterogêneo conjunto de fenômenos identificados aos “negacionismos” e aos “anti-intelectualismos” deve ser analisado de uma perspectiva histórica e sociológica. Para além das afirmações normativas usuais de que essas atitudes se alimentam da ignorância, da desinformação e da ausência de letramento científico, urge a ampliação dos estudos que considerem como elas se articulam a grupos, valores, interesses, imaginários e disputas envolvendo tanto o lugar social da ciência e a construção de sua autoridade epistêmica quanto a forma a ser assumida pelo ordenamento sociopolítico. Não apenas a ciência oficialmente reconhecida como tal tem sido descredibilizada a partir de diferentes asserções em circulação no espaço público como também formas alternativas de produção do conhecimento, rechaçadas pelas autoridades estabelecidas, têm se insinuado no cenário contemporâneo. O presente Grupo de Trabalho busca fomentar essas discussões. Parte-se do entendimento de que o acúmulo teórico e metodológico dos Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias torna a área particularmente habilitada ao esforço de compreensão dos processos, agenciamentos e elementos contextuais que dão forma aos negacionismos, anti-intelectualismos e discursos paracientíficos e que ajudam a explicar de que maneira, apesar do acesso à informação científica, eles seguem como fenômenos sociais persistentes. O GT acolherá trabalhos que abordem os problemas em tela empiricamente, a partir de expressões de negacionismo e anti-intelectualismo no Brasil e em outros contextos nacionais, bem como estudos interessados em analisar diferentes abordagens teóricas e metodológicas que nos permitam avançar no entendimento desses fenômenos.
Coordenadores: Thiago da Costa Lopes (Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz), José Szwako (UERJ)
Debatedora: Allana Meirelles Vieira (UNESP)
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