Resumo:
Fertilizantes, tratores, laboratórios, guias de transporte, green bonds, mercado futuro, varejistas, selos, embalagens, corpos, frutos, folhas, grãos, carne e sementes: os arranjos agro-hidro-minerais são emaranhados de atores, práticas e materialidades que conectam diferentes escalas, temporalidades e formas de conhecimento para produção de commodities. Os Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias têm se dedicado a compreender como expertises e tecnologias reconfiguram os circuitos de produção, distribuição e qualificação de alimentos e commodities, ao mesmo tempo em que aprofundam tensões ambientais, controvérsias e novas práticas de regulação e contestação. Tais reflexões assumem maior relevância frente à crise socioecológica associada às mudanças climáticas, ao aumento da insegurança alimentar e ao surgimento de novos riscos e patógenos vinculados aos formatos tecnológicos adotados para a produção agroalimentar e hidro-mineral moderna, frequentemente, sob a lógica de gestão da plantation. Em paralelo, a expertise tecnocientífica, central nesses processos, tem sido tensionada por diferentes atores e movimentos que propõem alternativas ao padrão técnico instituído. Estas situações têm desencadeado experiências de ativismo nos territórios que tensionam a expertise tecnocientífica e os modelos de exploração, cultivo e comercialização instituídos, estabelecendo espaços políticos inovadores em conjunto com contra-tendências ao padrão técnico homogeneizador. Este GT pretende reunir trabalhos que coloquem em diálogo as diferentes áreas das Humanidades (Antropologia, Sociologia, Ciência Politica, Geografia, Relações Internacionais, dentre outras) que explorem: a) as controvérsias em torno de arranjos de agro-hidro-minerais vinculados à produção de commodities, associados, por exemplo, a riscos ambientais e à geração e produção de novas tecnologias; b) o debate sobre a expertise e tecnociência e como inovações têm atualizado relações de poder e formas de exploração dos recursos em diferentes setores de cadeias de commodities; c) Os processos de territorialização e de resistência às práticas de formação e funcionamento das cadeias de commodities e suas infraestruturas.
Coordenadoras: Ângela Camana (PPGAA/UFPA), Marília Luz David (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Eve Anne Bühler (UFRJ)
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